segunda-feira, 17 de maio de 2010

Rotina

Eu continuo caminhando a passos vagarosos, fazendo o possível para viver dia a dia e acreditar que o futuro não é algo que está definido independente das ações presentes. Acredito nisso, mas com tantos dias sem distinção o que está por vir parece ficar mais previsível. Porque é o nada. Nada está por vir. Por mais que eu procure detalhes diferentes a cada dia, a sensação é de que todas as coisas são as mesmas. Eu olho em volta, em alguns dias com olhos mais curiosos e em outros menos. E tudo está lá. Exatamente como ontem. Até as pessoas estão lá.
Até essas palavras, já as li em algum lugar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

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Fiquei surpresa por ainda me lembrar da senha. Mentira, é quase sempre a mesma, pra tudo.Temo que se um dia descobrirem uma, saberão todas.Não importa, o que eu queria dizer é que isso tudo é inútil e por hora não sinto vontade de publicar nada.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Janela

Essa chuva faz parte de mim, é extensão do meu estado de espírito. Dia de sons graves, de vozes graves, de contrabaixo e solos de guitarra roucos.Hoje é aquele instante após a última nota tocada e o completo silêncio em que a corda deixa marcas nas mãos dos músicos.

E apesar de tudo, estou onde queria estar.

Só escrevo porque tenho a memória fraca.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Exame Admissional

Eu li “gardenal” ao invés de “janeiro” e pensei "Pronto. Agora ela está assinando meu atestado de loucura, e a palavra final é a receita do medicamento". "Doses cavalares de gardenal”. Não só não conseguiria o emprego , como levaria para casa uma receita de remédio e instruções de manter-me longe do convívio social.

Que diriam? Talvez uns dissessem um corajoso “ Eu já sabia” , pois o mundo está cheio de videntes que só revelam o “ dom” depois de acontecida a tragédia.

Outros ficariam surpresos, “ mas sempre me pareceu tão normal...”, e ao dizer isso ouviriam uma dessas frases feitas que cabem tão bem em qualquer ocasião ( semelhante ou não), “ As aparências enganam” ou “ Quem vê cara não vê coração”.

E durante os comentários os pais pensariam o que fizeram de errado, pois é o que fazem quando enxergam-se como “ criadores” e “ guardiões da vida”.

Mas li outra vez. Era janeiro, não gardenal. Quatro de janeiro e eu fui considerada apta a trabalhar.



P.S: Frogs tem cordas novas.


P.S 2: No meio do tédio achei algo legal http://www.travislouie.com/paintings/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Infinito

Sonhei que sonhava
E que no sonho sonhava
Que estava sonhando
que sonhava

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Velho - Pt.3 : Sonho

Viveu como velho durante dias. Olhando dia após dia os próprios olhos opacos no espelho. Não havia o que fazer.
Era o que lhe restava. Esperar que passasse. Rezar para que o relógio voltasse a funcionar da maneira como deveria e devolvesse todos os anos que tinha vivido em uma única noite. Porém nunca fora de acreditar em magia e encantamentos; suas crenças também passavam longe dos milagres. Então o que concluiu foi que na verdade sofria de algum tipo de distúrbio mental. Era isso e estava decidido. O que lhe ocorreu não foi acordar velho, mas sonhar com a juventude e acordar com todas as rugas que já eram suas antes de dormir. Um sonho.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fico.

Não vou pelas paredes plásticas, pelas mesas vazias e pelo computador que não funciona. Não vou pela janela da porta, pelo desequilíbrio entre as prateleiras, pelo chão mar impressionista e pelo barulho de passos e conversas no corredor.
Não vou pelo teto de isopor.Pelas cadeiras azuis, por todos os rabiscos que eu faria na folha vazia.
Pode ser...
Mas não vou mesmo é pelo silêncio e por todos os pensamentos que ele abriga. Eu poderia ouvir música, mas mesmo assim o silêncio estaria lá, na inércia de tudo ao redor.Estaria nas paredes, nas mesas, nas prateleiras, nas cadeiras no chão e no teto.
Nos rabisco não. Os rabiscos seriam um grito.
Mas é que hoje acordei rouca.


“...Diga ao povo que fico.”